domingo, 26 de janeiro de 2014

Medo

Não tenho medo
De abrir a porta.
A tua porta,
Essa que me separa
Do teu mundo.
Desconheço,
Por prazer ou sufoco,
O que está para lá
Do ar enferrujado
Pelo tempo
Que nos foge.
Levo a mão ao puxador
Pintado num dourado,
Cor dos teu olhos esguios.
Não tenho medo. Agora.
Amanhã não sei
Se o vento terá força
Suficiente para me empurrar
Na tua direcção,
Na direcção da tua porta.
Vermelha,
Cor de sangue
Que corre no rio
Ali, prostrado ao teu lado.
Nunca é tarde.
Hoje não é.
Amanhã logo vejo.


sábado, 18 de janeiro de 2014

Pedras na Clareira


Pedras na clareira.
É tudo quanto avisto
Daqui,
Junto ao mar
Que se enrola em mim.
Alma quebradiça
Desafio maior
Palavras esquecidas
Levadas pela maresia
De uma noite
Ali mesmo,
À beira de ti.

Encontro-te perdida
Amada e silenciada
Reconfortada pelo ontem.
Hoje moras em mim,
Desconheço até quando
Mas pouco importa,
Desde que a chuva
Inunde a sombra
De mim,
Ali mesmo,
À beira de ti.