quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

É

É tão estúpido
A imensidão
Do absurdo
Desta minha
Loucura.
Ainda assim
Faz-me
Sentir vivo,
Preso ao vicio
De um quer
Tremendo,
Incapacitante
Transparente
Religioso até.
Submeto-me ao ridículo,
Sem forças
Para me negar a mim mesmo.
Espero,
Em vão
A tua chegada
De um lugar
Onde eu já parti.
Não te peço
O ontem.
Pertence-te a ti
Esse passado.
Aguardo antes
Esse amanhã
Que por mim
Pode chegar no comboio
Das 7,
Aquele em que te
Encontrei
E me perdi
Num dejá vu.
Hoje?
Que sejas minha.
Tanto me faz,
Na cama,
A hora,
Não importa quem sou
ou onde estás.
Quanto tu estás,
Tudo
Tão pouco importa.


Foto retirada do Instagram, utilizador @rdesign4 (agradeço a gentileza)

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

...

E tudo muda
Quando percebes
Que aquilo
Que tens
É uma mão cheia,
Cheia de nada.

Tudo muda
Quando
Decides deixar
De existir.
Cantos
Vazios,
Persianas fechadas
Galhos quebrados
Pelo peso
Da neve.

Tudo muda,
Tudo mudou.
Ontem tudo,
Hoje um pouco mais
Para amanhã,
Tanto de
Nada.
Nada!

Morreu
em mim,
Copo
Meio cheio
De saudade,
Margens difusas,
Cegas
De paixão.
Uma paixão
De nada.
Porquê?
Tudo muda.
Hoje o mundo,
Amanhã um pouco de nada.




















foto minha

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Twice

São teus,
Tamanhos como
Como um oceanos
Amados,
Serenos,
Calmos,
Tamanhos como
O céu
Que nos abriga.

São teus.
Celestes
E imaculados,
Supremos
Nefastos,
Tamanhos são
São teus
Esses olhos,
Olhos tamanhos.

São teus
Não roubados,
Os olhos
Meu Deus,
Tamanhos
Que são
Esses olhos
Olhos teus.

São teus
Obscenos
E ternos,
Desaguados
Em mim,
Em ti
Plantados.

E são tamanhos
Esses olhos
Outrora
Castanhos,
Agora
Engolidos
Numa língua
De mar.

Não são meus
Nem me atrevo
A roubar,
São tamanhos,
Assim quis
Quem pudesse
Amar.















Imagem retirada da internet

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Promessas

Aconchego-me no banco
pintado de branco
como a pele do teu corpo.
O dia, salpicado de um azul celeste,
estende-se para lá do monte,
aquele lá bem ao fundo
muito além do que os nossos olhos alcançam.

Chego a casa
encontro-te ao piano,
sussurras-me ao ouvido
com as mãos a dedilharem
as teclas
que não existem.

Encontro uma lágrima tua
escondida no bolso
do teu casaco preferido.
Estava esquecido
no armário que nunca mais
tive coragem para abrir.
Lembra-me de ti.
Lembra-me dos teus olhos
da cor que eu
fiz questão de esquecer.
Não digo.

Grafitado, ao fundo da minha rua
ontem nossa
estão as palavras
que juramos ser eternas
fieis
promessas inabalaveis,
sexo sedento de amor...

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Vem até mim

Senta-te no meu colo
Neste ramo frio
De um azul vago
Num espaço intemporal
Achado no meio dos perdidos
Nus
Translúcidos
Eloqüentes
Os corpos rasgados
Pedaços remendados
Em linhas tortas
De cores garridas.
Ah se a minha loucura
Fosse real,
Tinha-te a ti
Aqui
Rio abaixo
Levado pela corrente
Num oceano
De raízes
Que me levam ali,
Perdido de ti